O que são peixes de água doce?
Peixes de água doce são animais marinhos que vivem em lagos, rios e lagoas, ou seja, em ambientes onde a salinidade da água é inferior a 1,05%. Muitos pescadores preferem pescar nestas regiões do que em mares, justamente pelas águas mais tranquilas serem mais seguras para realizar a atividade de pesca esportiva.
Muitas das espécies de peixes de água doce são destinadas à venda doméstica também, pois os aquários podem ser preenchidos pela água encanada das casas, essa, de baixa salinidade. Embora a maioria dos peixe sejam de água salgada, só no Brasil vivem mais de duas mil espécies de água doce.
Parece pouco, mas esse número é considerado uma biodiversidade rica, pois representa 10% da fauna mundial de peixes de água doce. Por causa disso, o país é considerado o maior do mundo nesse quesito. Seja para pesca esportiva, seja para criação em aquário, veja mais sobre esses fascinantes seres a seguir!
Principais peixes de água doce voltados para a pesca esportiva
Os peixes de água doce costumam ser pequenos em comparação aos de água salgada e são abundantes em pesqueiros. Esses fatores tornam esse grupo o mais procurado na pesca esportiva, pois é ideal para iniciantes no esporte e para pescadores que moram longe do mar. Conheça abaixo as espécies mais comuns de peixes de água doce e seus nomes populares!
■Pirarara (Phractocephalus hemioliopterus)
O Pirarara é um dos peixes de água doce favoritos de pescadores esportivos. A ferocidade do animal costuma dar uma boa briga ao pescador. Prefira uma tilápia ou lambari de isca natural na hora de pegá-lo, pois apesar de ser um peixe que se adapta a viver em diversos locais na natureza, seus habitats naturais são os poços e rios.
O corpo dessa espécie é robusto e, ao invés de escamas, é revestido por couro de coloração cinza-escura. Em relação a sua alimentação, o Pirarara tem uma dieta onívora (se nutre de animais e de vegetais), mas seu alimento preferido é o zooplâncton. Conforme aumenta o espaço em que o Pirarara vive, mais ele se desenvolve, podendo atingir o peso de sessenta quilos e o comprimento de 1,5 metro.
■Bicuda (Boulengerella cuvieri)
O peixe Bicuda é uma das espécies mais difíceis de se pescar, porque é um verdadeiro acrobata. Para caçar e fugir de predadores, o Bicuda dá saltos altos, se movimenta com extrema rapidez e enfrenta o seu oponente. Além disso, possui uma boca comprida e dura, de onde vem o seu nome.
Um peixe com essas características só podia ser do tipo piscívoro, que se alimenta de peixes pequenos e crustáceos. Portanto, prefira essas iscas naturais ou artificais na hora de pescá-lo. Procurar o peixe próximo às superfícieis ou às rochas pode ser uma boa dica já que o animal prefere águas mais rápidas. O Bicuda é revestido de escamas que possuem coloração cinza e prateada, com pintas pretas, e chega a um metro de comprimento e até seis quilos.
■Corvina (Plagioscion squamosissimus)
A Corvina é uma espécie importante no nordeste brasileiro, pois grande parte de sua população habita o Rio São Francisco. É um peixe de hábitos noturnos e sedentários, portanto costuma viver no fundo dos rios, nadando até a superfície apenas para procurar comida. Prepare uma sardinha ou piaba para iscá-la, já que são presas naturais do peixe.
A melhor época para pecá-la é durante o inverno, durante a época de reprodução dessa espécie. Quando a Corvina atinge a maturidade sexual, o que ocorre ao passar de quinze centímetros de comprimento, sua alimentação se torna quase que exclusivamente carnívora. Essa espécie, inclusive, é conhecida por ter hábitos canibais. Um adulto chega a pesar cinco quilos e a medir cinquenta centímetros.
■Dourado (Salminus maxillosus)
O Dourado recebe esse nome porque é uma espécie que tem o corpo todo revestido por escamas douradas, apenas suas nadadeiras possuem uma coloração diferente, de cor laranja. Quando adultos, caso vivam em um ambiente aberto, atingem mais de 1 metro de comprimento e pesam mais de 25 quilos.
O porte grande do Dourado e a dureza da cartilagem de sua boca fazem dele um ótimo caçador, por isso ele gosta de atacar peixes pequenos enquanto estes estão migrando. Esses aspectos também dificultam a sua pesca, pois mesmo após morder a isca é possível que o anzol não tenha perfurado a boca do Dourado. Prepare linhas e anzois resistentes para a sua pesca.
■Lambari (Astyanax bimaculatus)
O Lambari é uma das espécies mais populares, afinal sua distribuição geográfica abarca todo o território nacional. Ele até recebe um apelido dos pescadores: Piaba. Este termo vem do Tupi "pi’awa" e significa "pele manchada", fazendo referência à característica mais marcante da espécie, suas duas manchas pretas.
Apesar de ser um peixe de porte pequeno, que mede de dez a quinze centímetros e pesa apenas quarenta gramas, a alimentação do Lambari inclui outros peixes e ovócitos. Além disso, também comem vegetais aquáticos, sementes, escamas e detritos. Por causa disso, alguns piscicultores evitam a criação da espécie. Muitos pescadores pegam esse peixe para usá-lo de isca para peixes maiores, já que é presa natural de muitos peixes de água doce.
■Pacu (Piaractus mesopotamicus)
O Pacu é um dos peixes que realizam a famosa Piracema, período reprodutivo em que ocorre um movimento intenso de migração para nascentes de rios, onde acontece a desova. Isso é típico de espécies que habitam o pantanal Mato-grossense e os rios amazônicos. Em relação a sua alimentação, o Pacu consome tanto vegetais e frutos quanto pequenos peixes e crustáceos.
Use as frutinhas que se encontram na margem dos rios de isca, elas costumam ser irresistíveis para o Pacu. O peixe reage muito bem à pesca com massa comum e iscas artificiais também, tem um perfil guloso e costuma tentar experimentar tudo que tiver a sua frente. É um peixe de porte grande, então pode chegar a 25 quilos e 70 centímetros de comprimento. Suas escamas são cinza-escuro e amarelo-dourado.
■Piranha Preta (Serrasalmus rhombeus)
A Piranha Preta é a espécie mais conhecida, inclusive entre pessoas que não praticam a pesca esportiva ou a piscicultura, visto que, além de estar presente em toda a América do Sul, é famosa por ser o peixe mais agressivo entre as piranhas. Sua principal característica são seus olhos vermelhos brilhantes.
De alimentação carnívora, a Piranha Preta come desde pequenos peixes, crustáceos e larvas até animais terrestres que passem pelo seu caminho. É por isso que o pescador necessita ter um cuidado extra ao pescar a Piranha Preta, pois seus dentes são extremamente pontudos e seu ataque causa sérios acidentes. Tente iscá-la com fígado de boi, o cheiro costuma ser irresistível para esse peixe feroz.
■Pirarucu (Arapaima gigas)
O Pirarucu é a maior espécie de água doce do Brasil e sua importância nacional vai desde questões ambientais até culturais. Esse peixe é símbolo da região amazônica e figura importante na cosmovisão indígena, já que sua carne ainda hoje garante a alimentação de muitos pescadores amazonenses e comunidades indígenas.
Por causa de seu tamanho – um Pirarucu adulto pode ultrapassar três metros de comprimento e pesar 250 quilos –, esse peixe consegue se alimentar de grandes nutrientes, tais como tartarugas, cobras, minerais (rochas, seixos etc.) e outros peixes. Iscas artificiais costumam não serem muito eficientes para a sua pesca. Para pescá-lo é indicado o uso de rede de pesca ou de arpão.
■Tilápia (Tilapia Rendalli)
A Tilápia é uma espécie comum do sudeste do Brasil e se adapta muito bem à criação em aquário, sendo um dos peixes preferidos da pesca artesanal na região. Outro fato interessante é que a Tilápia também consegue sobreviver em ambientes de água salgada. Sua estatura é de 45 centímetros e seu peso é de 2,5 quilos.
Os hábitos alimentares da espécie são ecléticos: a Tilápia come nutrientes animais e vegetais. Cada subespécie tem sua preferência, mas geralmente adoram se alimentar de algas flutuantes – tanto que são usadas no controle de plantas aquáticas. Portanto, procure massas de pesca à base de alga para pegá-la, mas as de gelatina e massas comuns também costumam ser eficientes.
■Pintado (Pseudoplatystoma corruscans)
O Pintado é um peixe de couro de grande porte, podendo atingir até oitenta quilos e cerca de dois metros de comprimento. Recebeu esse nome por causa da cor de seu couro, que é inteiramente cinza, porém cheio de pintas pretas. Os seus "bigodes" (barbilhões) também são uma característica marcante, por serem compridos.
Essa espécie é carnívora e possui ferrões em suas nadadeiras que auxiliam na caça a outros peixes, sendo inclusive utilizada para o controle da população de Tilápias na piscicultura. Tene pescá-lo com pedaços de salsicha, mas costuma reagir bem com iscas artificiais de meia-água ou fundo também.
É um peixe amplamente comercializado, porque contém poucas espinhas e sua carne é branca e macia, agradando múltiplos paladares.
■Saicanga (Acestrorrynchus hepsetus)
Confundido frequentemente com o Peixe Cachorro, o comportamento do Saicanga em nada se assemelha ao de seu primo. Enquanto o primeiro é um peixe de grande porte e ânimo tranquilo, o Saicanga é de médio porte e muito agressivo. Eles atacam em cardume os pequenos peixes, insetos aquáticos e terrestres. Por isso, usar iscas artificiais de insetos ou minhocas para pesca é o recomendado.
A estrutura do Saicanga é formada por escamas prateadas e brilhosas, com um comprimento de vinte centímetros e peso de quinhentos gramas. O Saicanga ainda tem um diferencial: dentes que ficam para fora da mandíbula, perfeitos para mordiscar outros peixes. Após realizarem um ataque, os Saicangas voltam para o abrigo de seu habitat.
■Tucunaré (Cichla ocellaris)
A espécie Tucunaré é um peixe de hábitos diurnos e sedentários, portanto prefere águas calmas, principalmente por causa de seu modo de reprodução. Os Tucunarés constroem um ninho e lá se fixam para cuidar da prole. Mas não se engane, apesar dessa aparente serenidade essa espécie é veloz e agressiva. Seja paciente durante a sua pesca, pois ele costuma dar uma boa briga para o pescador.
A alimentação do Tucunaré é composta de peixes e camarões, e ele persegue sua presa até que consiga capturá-la. É considerado um peixe de médio porte, medindo entre trinta centímetros e um metro e pesando entre três e dez quilos.
■Achigã (Micropterus salmoides)
A introdução do Achigã no Brasil é relativamente recente, aconteceu em 1922, e os exemplares do país costumam ser menores que os do território de origem. Essa espécie pode atingir os dez quilos, mas em águas nacionais pesa entre um e dois quilos e mede oitenta centímetros.
A capacidade de adaptação do Achigã é grande, pois apesar de ser um peixe de água doce, também sobrevive em águas salobras. Além disso, sua dieta é carnívora e ele persegue a presa assiduamente, o que aumenta suas chances de sobrevivência. Use iscas artificiais grandes como rã para pegá-lo.
Dicas de pesca de peixes de água doce
A pesca esportiva de peixes de água doce é a mais praticada, porque nem todos os amantes do esporte vivem perto de mares, mas a maioria com certeza tem acesso a pesqueiros, rios, reservatórios, etc. Confira, então, as melhores dicas para a pesca dessas espécies!
■Melhores iscas
Cada espécie de peixe de água doce tem um alimento preferido, portanto, se você está em busca de um tipo específico é interessante ler sobre seus hábitos alimentares. Caso isso não seja possível, não tem problema: os peixes que vivem em água doce se atraem facilmente por iscas de minhoca e de lambari.
Além das iscas vivas, que podem ser compradas em lojas de artigos de pesca, esse grupo de peixes também se atrai por iscas artificiais. Estas simulam os movimentos de animais marinhos que são presas dos peixes de água doce, e o bônus é que são fáceis de manipular.
■Analisar o ambiente
Os peixes de água doce são animais de sangue frio. Isso quer dizer que eles não têm capacidade de regular sua temperatura corporal interna, então esta muda conforme a temperatura da água. Logo é preciso analisar o ambiente da pesca, pois um lugar mais quente ou mais frio influencia na atividade do peixe.
Se atentar a fatores como a profundidade da água também é necessário, já que cada espécie vive em um tipo de temperatura e de fundura. Por exemplo, o Pirarucu precisa subir na superfície para respirar, então, consequentemente, o melhor lugar para pescá-lo é na superfície da água.
■Benefícios de usar um barco
Usar um barco durante a pesca de peixes de água doce é uma boa jogada. Os barcos têm capacidade de alcançar maiores perímetros de água, chegando em regiões onde a profundidade da água é maior. Logo, a possibilidade de fisgar uma espécie que vive no fundo dos rios também é maior.
Ademais, cada tipo de barco é construído para uma tarefa: os barcos menores, como os botes e canoas, são ideais para pescar em rios pequenos e lagos. Já os grandes barcos são projetados para suportar uma pesca radical, como no caso de peixes de água doce que são violentos predadores.
Espécies para aquário
Você já ouviu falar de aquarismo? É o termo usado para designar a criação de peixes ornamentais e plantas aquáticas em aquários ou tanques. Algumas espécies de peixes de água doce se adaptam perfeitamente ao cultivo nesses ambientes, veja os principais tipos a seguir.
■Peixe Tetra-neon (Paracheirodon innesi)
O Tetra-neon é um peixe ótimo para iniciantes no aquarismo: é fácil de cuidar, é calmo, gosta de viver em grupo e é pequeno (apenas 2,2 centímetros de comprimento). Além disso, o Tetra-neon é um peixinho colorido, suas escamas são azuis e vermelhas, de forma que também serve como espécie ornamental.
A dieta do Tetra-neon é onívora, então ele come desde vegetais até pequenos animais e se adapta facilmente à ração em grânulo. Para que o peixe fique saudável e feliz, o ideal é que haja no aquário seis ou mais Tetra-neons e ornamentos – como pedras, algas etc. – para que ele possa se esconder.
■Kinguio (Carassius auratus)
O Kinguio, também conhecido por Peixe-dourado, é o peixe mais popular quando se fala em aquarismo, porque é uma espécie fácil de encontrar para compra, tem alta longevidade e é ornamental. Seu crescimento varia conforme o tamanho do aquário, quanto mais espaço, mais crescerá, podendo chegar a trinta centímetros de comprimento.
Assim como o Tetra-neon, o Kinguio se alimenta de vegetais, pequenos animais e aceita comer ração. Ao cuidar desses peixinhos-dourados, a condição da água de seu aquário deve estar sempre limpa e em pH alcalino. Também se dispensa o uso de aquecedores, porque o Kinguio é sensível à temperatura da água.
■Peixe-zebra (Danio rerio)
O Peixe-zebra é de porte pequeno e de baixa manutenção, pois cresce apenas sete centímetros e, caso viva em grupo, se torna calmo e saudável sem necessidade de muitos cuidados. Esses peixinhos adoram comer pequenos animais, mas não dispensam a ração!
O maior cuidado que você necessita ter com o Peixe-zebra é sempre manter a tampa do aquário fechada e ficar atento a ele quando precisar deixá-la aberta. Isso porque essa espécie é saltadora, ou seja, tem o costume de pular para fora do aquário.
■Peixe Guppy (Poecilia reticulata)
O Peixe Guppy é mais uma espécie de água doce que é fácil de cuidar! Ela não dispende de tantos cuidados, sendo essencial apenas manter a temperatura da água do aquário constante. Em relação à alimentação, gostam de comer alimentos vivos (como artêmias salinas), porém aceitam a ração sem problemas.
Um outro cuidado que deve-se ter ao criar Guppies é manter machos e fêmeas separados por um tempo, pois essa espécie se reproduz com facilidade e seus filhotes sobrevivem a várias condições de água. A parte boa é que, caso isso ocorra, seu aquário ficará bem colorido, porque existem várias cores de Guppies!
■Peixe platy (Xiphophorus maculatus)
Em aquários em que convivam muitas espécies, o Peixe Platy é ideal. Esse peixe é conhecido por sua alta sociabilidade, por gostar de viver em grupo e por suas cores exóticas e variadas. Seu porte não ultrapassa os seis centímetros de comprimento, mas costumam ficar estressados em pequenos espaços.
O Peixe Platy segue uma dieta onívora e come alimentos vivos e secos. Porém a espécie prefere nutrientes vegetais, então é recomendado fornecer alimentos e rações de base vegetal. A coloração dos peixes Platy é diversa, mas em cativeiro as cores mais comuns são branco, verde oliva e preto com nadadeiras azuis.
Peixes de água doce: aqui você encontra tudo sobre eles!
Os tipos de peixes de água doce que vivem em natureza estão distribuídos no Brasil, principalmente, entre a bacia amazônica, o Rio São Francisco e o Pantanal Mato-grossense. Mas as espécies se adaptam bem a outras condições, tanto que é possível encontrá-las em pesqueiros e reservatórios de outras partes do país.
Já peixes de água doce que vivem em aquários tem distribuição geográfica ampla, pois seu cuidado e manutenção são fáceis, já que são pequenos e de hábitos simples. São peixes ornamentais, bem coloridos e que gostam de viver em comunidades, e se alimentam de vegetais, animais pequenos e ração.
Agora que você conheceu uma parte do universo dos peixes de água doce, é só escolher sua atividade preferida, pesca esportiva ou aquarismo, e ir atrás da espécie que mais te interessou!
Uma estudiosa das letras que adora passar seu tempo em atividades ao ar livre e em contato com a natureza, então imagine o prazer de poder escrever sobre esses assuntos.