Tipos de bonsai: características de Hokidachi, Moyogi e muito mais!

O Bonsai é uma arte japonesa que simboliza uma árvore de vaso ou árvore de bandeja, sua técnica equivale ao cultivo de miniaturizar plantas, mas sem deixar de lado as características originais de determinada espécie. Como muitos pensam, o bonsai não é uma planta específica e sim uma técnica para cultivar árvores em vasos pequenos, portanto, podem ser de diferentes flores e frutos.

O primeiro registro dessa técnica surgiu na China e é bem antigo, existindo menções de seu cultivo no século III a.C. No entanto, os japoneses aperfeiçoaram esse estilo e nomearam como bonsai. É uma técnica capaz de durar por um longo tempo, já que há registros de exemplares de bonsais com mais de mil anos na China e no Japão.

O cultivo de bonsai é uma técnica muito exótica e muito mais complexa do que a jardinagem comum, pois o cuidado para repetir as mesmas características de uma árvore maior é bem mais difícil. Além de cuidados na hora da poda e adubação, é necessário muita paciência e uma mínima habilidade artística. Continue lendo para conhecer ainda mais sobre a plantação de árvores em miniatura.

Com o passar dos anos, diversos tipos de árvores de bonsais vêm surgindo, espelhando em características muito parecidas com as encontradas na natureza. Esses estilos podem ter diferentes significados e uma criatividade única, portanto, essas pequenas árvores não precisam particularmente seguir nenhuma forma especifica.

No entanto, os tipos diferentes de bonsais são muito importantes na hora de entender o básico de suas formas, além disso, serve como uma direção para treinar a arte do bonsai. Confira a seguir os tipos e as características dessa técnica.

O estilo Hokidachi, também conhecido como vassoura, é o mais indicado para árvores com ramificação fina extensa e de folhas caducas. O seu tronco reto e em posição vertical não segue até o alto da árvore, se ramificando em várias direções com cerca de 1/3 de altura. As folhas e os ramos compõem uma coroa em formato de bola, mantendo um visual lindo nos meses de inverno quando as folhas caem.

O Chokkan, conhecido também como ereto formal, é a forma mais comum de bonsai e mais fácil para quem quer começar. Esse tipo constantemente acontece na natureza, principalmente quando a árvore fica exposta a uma maior quantidade de luz e não precisa enfrentar os problemas das outras árvores concorrentes.

O tronco precisa ser mais grosso na parte inferior e ir afinando conforme a sua altura, o afilamento do crescimento reto necessita ser bem visível. A ramificação geralmente começa em cerca de 1/4 do comprimento total do tronco e o topo da árvore forma apenas um único ramo, além disso, o seu tronco não pode chegar na mesma altura da árvore.

O estilo Moyogi, também chamado de ereto informal, é muito comum na arte do bonsai como na natureza. O seu tronco se desenvolve na vertical em forma da letra “S”, além disso, contém uma ramificação em cada uma de suas curvas. O afilamento precisa ser obviamente visível, com a base do tronco mais denso e grosso do que a sua parte mais alta.

O bonsai Shakan é geralmente mais inclinado ou oblíquo, resultado do vento que sopra em alguma direção predominante ou até mesmo quando a planta cresce na sombra e precisa se dobrar para ir na direção do sol. A sua inclinação precisa se desenvolver em um ângulo em torno de 60 a 80 graus em relação a terra, portanto, suas raízes são muito bem desenvolvidas para conseguir manter a árvore em pé.

O primeiro galho se desenvolve do lado contrário ao sentido da árvore, criando uma sensação de equilíbrio visual. O seu tronco geralmente é um pouco curvado ou totalmente ereto, mas ainda assim continua sendo mais grosso na parte inferior do que em sua parte superior.

O estilo Kengai é chamado de cascata por causa de sua curvatura para baixo, sendo muito difícil de manter já que a tendência natural de toda árvore é crescer para cima em uma posição vertical, portanto, o ideal para esse tipo é ser plantado em vasos mais altos. A planta precisa crescer verticalmente para cima por um determinado tempo, mas em seguida deve-se dobrar para baixo.

A copa dessa árvore frequentemente se desenvolve acima da borda do vaso, mas os seus ramos se intercalam à direita e à esquerda nas partes externas das curvas do tronco em um formado de “S”. Todas as suas ramificações precisam crescer para o lado de fora na direção horizontal, com a intenção de manter o equilíbrio da árvore.

O Han Kengai é o estilo semi-cascata, facilmente encontrado na natureza nas margens de rios, lagos e em penhascos. O seu tronco se desenvolve na vertical em uma distância pequena, mas depois faz uma curva para baixo lateralmente. Diferente do estilo cascata, esse tipo jamais irá crescer abaixo da parte inferior do vaso. A copa normalmente fica acima da borda da bandeja, ao mesmo tempo que suas ramificações decorrentes crescem abaixo da borda.

No meio da natureza, a árvore desse estilo se encontra em locais muito povoado por inúmeras outras árvores, fazendo com que a concorrência seja enorme, portanto, o seu instinto é crescer cada vez mais alto do que as outras para conseguir sobreviver. O seu tronco normalmente se desenvolve mais torto para cima e não há ramificações, já que o sol apenas atinge o topo da planta.

Para dar uma aparência mais resistente, a casca é retirada de um lado do tronco, processo que é chamado de Shari. A intenção é mostrar que a árvore precisa lutar para sobreviver. Geralmente são plantadas em vasos redondos.

Esse estilo é também conhecido como varrido pelo vento, sendo um outro exemplo de árvore que precisa lutar para sobreviver. O seu tronco e seus galhos se desenvolvem apenas para um lado, dando a impressão de que o vento está soprando a árvore frequentemente na mesma direção. Os galhos surgem de todos os lados, mas no fim acabam sendo todos curvados para um só sentido.

O estilo Sokan ou tronco duplo não é muito comum na arte do bonsai, sendo mais comum em meio a natureza. Os troncos geralmente crescem em um único sistema de raízes, porém, também é provável que o menor tronco cresça a partir do tronco maior bem acima da terra.

Ambos os troncos vão variar de comprimento e diâmetro, o menor vai se desenvolver um pouco mais inclinado, enquanto o tronco mais grosso se desenvolve melhor quase que na vertical. Os dois irão colaborar para uma única coroa de folhas na copa.

O tipo Kabudachi, também chamado de múltiplos troncos, é basicamente o mesmo que o estilo tronco duplo, porém, esse possui 3 ou mais troncos. Todos eles se desenvolvem por um único sistema de raiz, sendo originalmente apenas uma única árvore. Os troncos compõem uma coroa de folhas em que o tronco mais denso e desenvolvido forma o topo.

O estilo Yose Ue, conhecido também como floresta, é muito parecido com o tipo multi-tronco, porém, a única diferença entre eles é que o Yose Eu é composto por diversas árvores, em vez de ser uma árvore com diversos troncos. Geralmente, as plantas mais desenvolvidas são cultivadas dentro de um vaso grande e raso.

Em suas laterais, é comum que pequenas árvores sejam plantadas para cooperar em uma única coroa. Essas árvores são cultivadas em um padrão escalonado, em vez de ser em linha reta, pois assim a floresta vai ter um aspecto mais natural e realístico.

Em um terreno mais rochoso, as árvores acabam sendo forçadas a encontrar uma terra cheia de nutrientes através de suas raízes, sendo geralmente encontrada em buracos e fendas. As suas raízes ficam desabrigadas até que cheguem ao solo, e já que precisam se proteger do sol uma casca especial se desenvolve ao redor delas.

Na arte do bonsai, as raízes se desenvolvem em uma rocha dentro do vaso, portanto, cuidar desse tipo de bonsai não é tão diferente como cuidar de qualquer outro estilo.

No estilo Ishitsuki, as raízes da planta estão se desenvolvendo nos buracos e fendas da rocha, por isso, não há espaço para que essas raízes cresçam e absorvam os nutrientes necessários. Qualquer árvore que cresce nas rochas jamais vai ter uma aparência realmente saudável. Em torno disso, é fundamental que a árvore lute para sobreviver.

Um ponto importante é regar e adubar frequentemente, já que não existe muito espaço disponível para que ela conserve água e nutrientes. A rocha do bonsai costuma ser colocada em um vaso raso, quase sempre preenchido com cascalho fino e água.

De vez em quando, uma árvore tombada consegue sobreviver ao apontar seus próprios ramos para cima, com isso, o sistema radicular antigo é capaz de fornecer os nutrientes apropriados para esses ramos sobreviverem. Em seguida, raízes novas irão começar a se desenvolver, substituindo a função do sistema radicular antigo.

Os ramos anteriores, que agora estão apontados para cima, crescem em troncos com inúmeras ramificações, sendo consequência desse aumento do influxo dos nutrientes. Além disso, os novos troncos cooperam para uma única copa.

Por razões de condições climáticas divergentes, algumas árvores acabaram desenvolvendo áreas sem casca em seus troncos. Essa parte careca se inicia normalmente no lugar onde as raízes emergem da terra e crescem cada vez mais finas conforme continua indo até o tronco.

Uma luz solar muito forte acaba esbranquiçando essas partes, formando assim uma característica única da árvore. Na arte do bonsai, a casca é retirada com uma faca e no local é usado sulfato de cálcio, na intenção de tornar o processo de ‘embranquecimento’ ainda mais rápido.

O estilo Tachi-G é um grupo de bonsais que se dividem em diversas categorias, caracterizados pelo tronco único e reto, são essas: bonsai vassoura são raras e proporcionais, o tronco é reto e a copa se abre de forma uniforme. Bonsai varrido pelo vento é muito curvado em uma certa direção específica. Bonsai inclinado tem a base um pouco inclinada e o seu tronco cresce na diagonal.

Bonsai vertical formal é o mais recomendado para os iniciantes, já que tem uma forma simples com um tronco ereto e contornos mais redondos, possuindo uma base mais ampla que a copa. Por fim, o Bonsai vertical informal é bem parecido com o anterior, porém, o seu tronco é curvado.

Não há nenhuma regra em relação as plantas que são permitidas ou não para fazer a arte do bonsai. A sua escolha depende muito do resultado que você quer chegar e o seu nível de habilidade com esse tipo de cultivo.

Há algumas árvores que são mais difíceis para quem está começando, já que possuem um crescimento devagar e não aceitam erros em suas podas. Existem outras que possuem folhas enormes que acabam ficando desproporcionais. Veja em seguida as espécies mais usadas no cultivo de bonsai.

Em relação a bonsai de frutas, o mais ideal é escolher a espécie de acordo com a região em que você vive, já que o ponto principal de cultivar esse tipo de planta é contemplar as árvores cheias de frutas durante a época de safra.

Algumas das árvores frutíferas mais populares em bonsai são: a pitanga, que se desenvolve muito melhor em regiões quentes, mas também suporta áreas mais frias, sendo o tipo mais cultivado nessa técnica oriental. O limão siciliano é um dos bonsais mais lindos, preferindo um clima mais ameno.

Romã é muito fácil de cuidar e suas folhas vistosas duram o ano todo, já a manga é uma das árvores mais dinâmicas e crescem muito bem em diversas regiões diferentes. Além dessas, também há várias outras como jabuticaba, cereja, acerola, amora, abacate, goiaba, uva e maçã.

Os bonsais de arbustos são árvores menores e mais duradouras, possuem folhas bem largas com dois tipos de padrões de desenvolvimento foliar: alternadas ou opostas. Os arbustos mais comuns com folhas opostas são o Ligustro, Buxo, Madressilva, Serissa foetida, Árvore de Jade e Durante. Quanto aos arbustos com folhas alternadas temos o Chá de Fukien, Bougainvillea, Cotoneaster e o Pachira aquática.

Os bonsais de pinheiros são muito populares, sendo considerados muitas vezes como as árvores mais típicas de bonsai. São duradouras, resinosas e coníferas, possuindo agulhas que se assemelham a feixes, de duas a cinco.

Essas plantas conseguem se desenvolver de várias formas na natureza, e por isso, podem ser adaptadas em praticamente todos os tipos de bonsais que conhecemos. Para cuidar de cada espécie de pinheiro em relação com as suas características na natureza, é preciso saber se ele produz apenas uma ou duas ondas de crescimento durante toda a sua época de desenvolvimento.

Espécies com duas ondas de crescimento geralmente são decompostos no começo do verão para efetuar uma segunda onda com agulhas menores e velas mais curtas. Já as espécies com apenas uma onda não precisam ser decompostas, porque isso é muito prejudicial para a árvore, porém, suas velas conseguem ser selecionadas e diminuídas.

Os pinheiros mais usados na técnica de bonsai são o Junípero, Espruce, Teixo, Criptoméria japonesa, Pinheiro budista, Cipreste e Cedrus.

Assim como as outras espécies, os bonsais que apresentam flores também necessitam de cuidados especiais. Os elementos mais importantes para manter a árvore saudável são ar, sol água e temperatura, sempre evitando os extremos. Em relação a quantidade de horas no sol, é recomendável pesquisar pois costuma variar conforme a espécie.

As plantas que dão flores mais usadas em bonsais são a Magnólia, Cerejeira japonesa, Marmeleiro japonês, Marmeleiro chinês, Fuchia, Calliandra e Jasmin laranja.

Há diversas espécies e tipos usados na arte do bonsai, então há muitas opções na hora de cultivar, dependendo de seus gostos, o ambiente e até mesmo a região onde mora. Todos possuem suas características que tornam sua elegância única e diferenciada.

Por ocupar muito pouco espaço, pode ser colocado dentro de casas ou em lojas comerciais, tornando a decoração bem original e chamativa. O bonsai é uma arte, portanto, pesquise bem, aprenda as habilidades necessárias e saiba usar as ferramentas ideais para que a sua árvore em miniatura dure por muitos anos.