Aço para cutelaria: melhores tipos como o inox, carbono e mais!

Muitas pessoas pensam que o Aço é um metal. Quando na verdade o aço é uma criação humana, se tratando de uma liga metálica. Esta liga é feita principalmente da mistura entre o ferro e o carbono.

Ele é criado pois possui mais utilidades que os metais citados usados para fazê-lo, não contente, o aço também pode ser usado para criação de outras ligas metálicas. Conforme as pessoas faziam testes, eles percebiam que as propriedades do aço variavam de acordo com a quantidade de carbono, por exemplo, alterando a dureza e a retenção do fio.

Na cutelaria, é importante sempre encontrar o equilíbrio na dureza e na capacidade de corte do aço, e também outras características a fragilidade, alguns aços são mais quebradiços, outros mancham menos adicionam um material específico, etc.

Por apresentarem diferentes usos e características melhores ou piores para cada um desses usos, a cutelaria trabalha com diversos tipos de aço, para melhor suprir as necessidades das pessoas.

Após essa introdução no mundo da cutelaria e dos aços, é necessário informar que existem muitas ligas metálicas criadas pelo homem. Ao longo do tempo mais e mais foram feitas, cada uma com suas próprias características. Veja agora, uma lista com as principais informações sobre os aços, mais utilizados pela cutelaria.

O aço carbono é bastante tradicional. Utilizado desde sempre na cutelaria, são aços bem resistentes e afiados. As facas de aço carbono podem ter diversos acabamentos, podendo adotar estilos mais rústicos ou o clássico cinza bem polido e brilhante. Uma característica importante desse aço está na porcentagem de carbono utilizado nele, variando entre 0,6 e 1 porcento.

Além disso, é possível temperar o mesmo aço de maneira diferente, fazendo com que a faca tenha um fio mais duro e o dorso com mais flexibilidade, evitando que o material quebre e tendo um ótimo corte. Por fim, precisa de uma manutenção mais cuidadosa para evitar ferrugens e manchas.

O famoso e conhecidíssimo aço inoxidável. Esta liga metálica é mais resistente à ferrugem que o aço carbono, não significa que a peça de aço inox nunca irá enferrujar, apenas que resistirá melhor que os demais. Diferentemente do aço carbono, o inox precisa de bem menos cuidados, podendo ficar mais tempo sem a lavagem pós-uso.

E qual o motivo dele ser assim? Os cuteleiros descobriram que se adicionassem altas quantidades de cromo na liga, criariam uma espécie de película protetora. É um ótimo aço e bem prático, no Brasil, por exemplo, se exige por lei que açougues e restaurantes utilizem facas inox de cabo injetado, para manter um padrão de higiene melhor.

O aço ligado ou aço liga é extremamente parecido com o aço carbono. Adiciona-se um componente químico à liga do aço carbono e o resultado é o aço ligado. Ou seja, o aço inox, do item anterior, é uma espécie do gênero Aço Liga, pois em sua criação é adicionado o Cromo, fazendo com que ele melhore sua resistência à oxidação.

Diversos elementos podem ser adicionados ao aço carbono para se conseguir propriedades diversas, como: cromo, boro, manganês, níquel, silício, o tungstênio, etc. Cada um desses componentes químicos pode melhorar a resistência, a temperabilidade, ductibilidade, entre outros. É um gênero de aços muito bom e versátil para a cutelaria.

Essa liga metálica, chamada SAE 6150 é muito resistente, ao ponto de ser utilizada na indústria automobilística, na cutelaria, as peças chegam a ter lâminas escuras, quando feitas desse aço. As características desse aço são sua alta temperabilidade, o que possibilidade sua alta resistência, ele também é um bom condutor e sua soldabilidade não é elevada.

Na sua fabricação é adicionado vanádio, o que o diferencia dos outros aços ligados, dando as características anteriormente citadas. Na cutelaria alguns facões são feitos com essa liga, sendo geralmente mais usado em outros setores.

O aço damasco é um tipo nobre, de alto custo e muito popular entre os colecionadores. A composição desse aço é feita a partir do caldeamento de aços distintos entre si. São lâminas que podem ter muitas camadas, até mesmo seiscentas, e os cuteleiros conseguem produzir peças que são bonitas, flexíveis e altamente cortantes.

Um exemplo de aço damasco são as espadas, que possuem até mesmo milhares de camadas. Com uma técnica que surgiu em países como o Japão, na Ásia, o aço damasco é o melhor? Talvez, mas seu processo faz com ele seja encarecido, então, não é algo utilizado para cortar alimentos. Geralmente, é um aço de colecionador.

Esse é um aço simplório, também chamado de GGD SAE. Muito comum, é uma liga com excelente custo benefício, bastante barata e popular, sendo muito simples, esse aço contém apenas 0,2 porcentos de carbono em sua mistura. Suas características principais são a plasticidade e a soldabilidade.

Não é um aço muito bom para lâminas em geral, não sendo muito usado na cutelaria. No máximo, o cuteleiro usa alguma quantidade nos cabos e para fazer alguma solda nas peças. Seu uso principal é em construções mecânicas e nas bancadas de oficinas.

Como a própria nomenclatura indica, essa liga metálica conta com um teor de carbono um pouco maior que a anterior, com 0,45% de carbono em sua mistura. É um aço que apresenta uma certa resistência de maneira mecânica, assim como não é tão quebradiço, possuindo essas vantagens perante o aço 1020.

Ainda não é o aço mais ideal para a cutelaria, podendo, no entanto, ser usado para a criação de alguns facões e até mesmo espadas, não das melhores qualidades, mas com certa resistência e corte. Sua principal função é o beneficiamento com temperabilidade baixa.

Outro aço com nomenclatura relacionada a sua quantidade de carbono. Nesta liga, o teor de carbono é de 0,7%, já sendo um aço mais utilizado na cutelaria que os de concentração inferior.

Dentro das confecções com o aço 1070, estão principalmente as facas e os canivetes customizáveis. Não só isso, essa liga é muito boa na criação de facas antigas, lâminas de época e entre outros itens saudosistas, bom para quem coleciona.

Além disso, os cuteleiros usam bastante o Aço 1070 para mistura, na composição de outros aços, inclusive, é possível utilizá-lo para criar o renomado aço damasco, citado anteriormente como um aço nobre da cutelaria.

A partir do aço 1080, a concentração de carbono já é considerada elevada, com 0,8 porcento, essa liga já é conhecida pela sua dureza e grande tenacidade, em questões mecânicas também apresenta uma boa resistência. É um aço muito bom de se trabalhar, seja na cutelaria ou em outras áreas, com um bom tratamento térmico.

Em usos, o cuteleiro pode se valer do aço 1080 para criação de facas clássicas, a liga também pode ser usada para criação de espadas. Esse aço ainda pode ser usado no caldeamento, para criação do aço damasco. É um aço recomendando, inclusive, para cuteleiros iniciantes.

Já este aço ele possui ainda mais carbono em sua criação. Como a nomenclatura indica, 0,95% de carbono é adicionado ao ferro. Assim como o aço anterior, o 1080, este é muito recomendado para cuteleiros iniciantes iniciarem nas forjas. Por ser bastante semelhante à liga com 0,8%, também resulta em ótimas réplicas de facas de época e de facas antigas.

Além disso, é o aço utilizado por padrão na fabricação das limas, peça que é usada para afiar as facas. Por fim, ainda pode ser usado nos “sanduíches” com outros aços para produzir o incrível aço damasco.

Quando um aço não inicia sua nomenclatura com o número um, significa que existe algum outro componente adicionado na liga. Por isso, as ligas que iniciam com o dígito cinco, representam a adição de cromo, em pequenas quantidades, na mistura. No caso do aço 5160, ele possui 0,6% de carbono mais o cromo.

Trata-se do principal aço recomendado para iniciantes, ainda sendo muito usado por cuteleiros experientes. Isto porque, o 5160 apresenta resultados muito bons nas confecções das lâminas, como espadas e facões. Ainda é muito utilizado para construção de molas de automotores.

Esse aço é bem similar ao anterior, a diferença é seu percentual de carbono, no caso do 52100, ele conta com um porcento de carbono adicionado em sua liga, também possui o cromo, como indica o dígito cinco na nomenclatura. Seu uso na criação de rolamentos é super difundido, podendo ainda ser encontrado em barras de formatos arredondadas ou achatadas.

No Brasil, o aço 52100 é super popularizado entre os cuteleiros, sendo possível utilizá-lo na criação de qualquer lâmina, seja de espada, facas ou facões, pois ele é um aço que apresentação uma ótima fiação e também uma retenção de fio de qualidade, sem falar no seu custo-benefício que também é dos bons.

Esse é uma espécie de aço ligado (aquele citado num tópico anterior, que possui algum elemento químico em sua mistura). Nesse aço liga, existe 0,6 porcento de carbono adicionado, e também o cromo-manganês, o que aumenta a resistência do aço, tanto de tração quanto de fadiga, além disso, melhora sua ductibilidade e temperabilidade.

Muito usado na confecção de facas, sendo um aço muito comum e fácil de se encontrar no território brasileiro. Sem falar que é muito fácil de ser temperado e manejado, além de ter uma usinagem facilitada. Ele ainda retém satisfatoriamente o fio da lâmina.

Também uma espécie de aço ligado, essa liga se assemelha ao aço 1070, principalmente por conta da alta concentração de carbono que existe em ambas. Por conta desse alto nível de Carbono em sua mistura, ele se torna muito adequado para a criação de ferramentas cortantes, sendo um aço criado especificamente para isso.

Este tipo de aço ligado possui o níquel adicionado em sua confecção, o que o deixa com uma cor mais clara em comparação aos outros aços. Além disso, ele pode ser combinado com diversos outros aços, como o 5160 e outros para a criação do Aço Damasco.

Esse faz parte dos aços inoxidáveis e ligados. O AISE 420 possui uma grande porcentagem de crômio, além disso, faz parte dos aços martensíticos, que são ligas que possuem menor resistência a corrosão em comparação aos outros aços inox. Também tem uma ótima resposta para a têmpera e revenimento, sendo muito bom para o endurecimento.

Ele possui uma boa resistência mecânica, por isso, é muito utilizado na atividade industrial, sendo muito usado na fabricação bombas, válvulas, eixos, bases, pinos, luvas e mancais. Na cutelaria, ele pode ser usado para criação de bisturis e outras lâminas de corte para a medicina e odontologia.

Outra espécie de aço inoxidável, assim como o AISI 420, o Bohler possui alto teor de crômio. Se assemelha bastante ao aço anterior em seus usos. Seus rolamentos são altamente resistentes à corrosão, suas ferramentas são bem duras e com um fio de corte bem duradouro. Também pode ter cobalto, molibdênio e vanádio em sua composição.

Assim como o aço anterior, o Bohler, também chamado N690, pode ser usado para facas, bisturis, discos de cortes, usados em frigoríficos, sendo ideal para instrumentos que precisam ser muitos duros, até mesmo para componentes de pistões de máquinas refrigeradoras.

Aqui temos um aço com um ótimo desempenho na cutelaria. Possuindo ainda mais cromo que os dois anteriores, o que lhe dá uma resistência enorme a corrosão. Assim como o aço Bohler, o DIN também pode ter adição de vanádio e molibdênio em sua estrutura, que torna o aço mais duro e ao mesmo tempo refinado, por conta de suas propriedades químicas.

Ademais, o aço DIN 14116 possui ótima resposta ao tratamento térmico, todas essas características garantem lâminas com uma grande retenção do fio, o que deixa a vida mais longa, com menos necessidades de manutenção, por ser inoxidável e não precisar de muita amolação para continuar afiada.

Este é um aço muito complexo de ser compor, indicado para os cuteleiros mais experientes e habilidosos, ele pode ser difícil, mas também é recompensador, pois, resulta em excelentes facas e lâminas. Possui elevado teor de carbono, chegando a 1,55%, também conta com 12% de cromo em sua liga, e também outros elementos químicos, como o vanádio e molibdênio.

Se trata de uma liga indeformável, sendo bastante duro e muito resistente ao desgaste. Pode ser temperado em ar ou em óleo, pode ser usado em ferramentas de furo, rolos laminadores e as facas, ainda se utiliza o D-2 para trabalhar o fio.

Esse aço possui ainda mais carbono que o D-2, contando com 2,10%, e quase a mesma quantidade de cromo, contando com 11,50% de cromo. É bastante conhecido por ser um aço para se trabalhar a fio, da categoria dos aços ferramentas (mais complexos), também considerado como indeformável. Em relação a resistência, possui mais ainda que o D-2, no tangente ao desgaste.

Além de tudo isso, possui uma estabilidade incrível no gume. Em questão de usos, pode ser utilizado para o corte de chapas siliciosas, graças a sua tenacidade e outras características, é muito utilizada nas ferramentas de cortes a frio.

O aço O1, é um aço bastante complexo, contando com 0,9% de carbono, e outros muitos elementos em sua mistura, como manganês, silício, cromo e tungstênio. Todos esses em baixas quantidades, fazem que aço possa ser temperado em óleo, atingindo bons índices de dureza. Bem como, é bom para usinabilidade, uma boa resistência ao desgaste e uma resposta ao polimento satisfatória.

Também com nomeação de VND, é utilizado também em ferramentas de cortes a frio e também nos que necessitam de grande resistência ao desgaste. Geralmente utilizada para cortes em materiais que não são de ferro, como madeira, porcelana e outros. Pode ser usado em guilhotinas, brocas, facas, machados, etc.

Aqui está outra espécie de aço ligado, desta vez, na sua composição se encontra a mistura de molibdênio e tungstênio. Faz parte das categorias dos aços rápidos, pois, cortam metais em alta velocidade, a fim de remover altas quantidades de material rapidamente. Sua utilização é comumente feita em ferramentas de desbaste e acabamento.

Outrossim, no que tange às suas outras características, é um aço bem balanceado em relação a tenacidade e possui uma boa resistência ao desgaste. Essa liga deve ser usada quando se busca uma boa retenção no corte, além das características anteriores. O M2 pode ser usada para brocas, serras, facas, machos, etc.

Mais um aço que é muito utilizado para trabalhar a frio. É um tipo de liga que tem muita dureza e muita tenacidade. É um aço ferramenta, que está presente em itens que necessitam resistir aos choques e abrasões durante o manejo, mostrando ótimos resultados nesse quesito.

O VW3, por conta disso, é muito usado para ferramentas de corte, principalmente matrizes e punções, assim como lâminas de tesouras para trabalhos frios. Ainda podem ser usadas para talhadeiras e outras ferramentas pneumáticas, bem como vários tipos de máquinas de corte. Por fim, se tratando de um aço ligado, é composto por elementos como silício, cromo, tungstênio, manganês e outros, com até 2% de percentual.

Por último, outro tipo de aço ferramenta. Sua composição o caracteriza como aço ligado, tendo 2% de carbono, um elevado teor, além disso, contém silício, manganês e cromo. O Si e Mn estão em baixas quantidades abaixo de 0,5% e o cromo também está presente em elevado teor (11,5%).

É um aço que exige uma habilidade mais refinada e bastante técnica. Além disso, é um aço difícil de desbastar, podendo produzir excelentes facas, contanto que tenha uma produção bem feita, ao ser mal trabalhado pode gerar lâminas quebradiças e difícil de ser amolado. As denominações são diferentes, o K-100 é geralmente usado do aço que vem da Alemanha, a liga similar produzida no Brasil é chamada VC-130.

O mundo dos aços e da cutelaria é bem diversificada e ampla. Os cuteleiros precisam sempre decidir o aço ideal para cada tipo de trabalho, seja uma espada, faca, facão ou qualquer outro tipo de lâmina. Existindo sempre muitas variáveis a pesar, quais os elementos presentes na liga, o custo-benefício, a disponibilidade, etc.

Por isso, costuma-se falar que cada aço para cutelaria tem seu objetivo único e próprio, não sendo interessante usar aços mais quebradiços para trabalhos que requerem mais resistência. Portanto, se você é um entusiasta da cutelaria e deseja ser um forjador, o primeiro passo é conhecer todos os tipos de aço para cutelaria. Aproveite, essa lista está perfeita para você!